segunda-feira, 27 de agosto de 2007

PLANTA O PRANTO

Era uma vez uma garota que até os cinco- anos de idade tinha uma convicção: os adultos não choravam.

Essa certeza infantil foi gerada pelas suas percepções visuais, já que à época não podia contar com a experiência.

Ela via seus coleguinhas e irmãos chorando pelos mais variados motivos e também as crianças na rua, aos prantos, enquanto seus pais as puxavam pelos braços.

Porém, o mesmo não acontecia com as pessoas grandes.

"Não, os adultos não choram e devem ser porque gastamos todo nosso estoque de lágrimas quando pequenos".

Ocorre que prestes a completar seis anos, um triste acontecimento mudou essa história: alguém importante de sua família partiu para o céu, disseram.

E no funesto e acinzentado dia da despedida, ela descobriu algo que jogou por terra a sua lúdica teoria. Inadvertidamente, ela fixou o seu olhar na imagem de uma pesada lágrima que vagarosamente escorria pelo semblante de seu avô e, estarrecida, concluiu: "Os adultos também choram".

Passados muitos anos, aquela lágrima ainda continua viva e gravada em sua memória, como símbolo da sua descoberta.

Mas, ainda que assim não fosse, o seu ingênuo pensamento de que o 'doce' gosto das lágrimas só era afeto às crianças seria cabalmente afastado.

Isso porque hoje, ela, adulta, também chora.

E chora.

2 comentários:

Maytê disse...

E chora e limpa a alma...
Chorar faz bem meu bem.
Te adoro querida!

Thiago Panza Guerson disse...

"Ali onde eu chorei qualquer um chorava"
bjs